A sala estava cheia, como é óbvio. Uma festa é sempre uma festa. Eu, desacompanhado, ia percorrendo a divisão com o olhar e com esse mesmo olhar ia reparando nas mulheres presentes. Um pouco de tempo perdido que se revelou empregador. Ao fundo, sentada no sofá, também sozinha estava a única mulher da festa que não estava de vestido. Usava uma saia rodada branca e uma camisa verde-tropa, e na cabeça trazia uma fina fita creme a combinar com os sapatos. Finalmente alguém que me parecesse tão alienado quanto eu. Eu não costumo ter jeito para as palavras quando estou com mulheres, "mas quem precisa de jeito quando já se bebeu garrafa e meia de espumante?" - lembrei-me.
Avancei na direcção dela e fiz o ar mais confiante que consegui - mesmo sem saber se era suficientemente confiante - e quando cheguei ao pé dela lembrei-me de que não tinha preparado nenhuma linha de engate, então improvisei: "Olá, sou o Rui. No meio de tanta gente não sei, sinceramente, o que me fez escolher-te a ti, mas estou desesperado. Tens lume?"
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