segunda-feira, dezembro 05, 2011

depois da última lágrima

o mundo secou.
já não se constroem mais pontes a unir as bermas dos rios e às que restam já não se vai para pescar. quem a elas sobe não leva mais o farnel mas pedras para atirar aos carros.
os meninos não choram.
quando irritados gritam, viciados em laxante, gritam as marcas das papas que contém a substância em doses preciosas.
os tolos não são mais encarcerados, tomaram as ruas e as casas. são omnipresentes.
os beijos já não se roubam. oferecem-se.
são projectados invasoramente para dentro de bolhas cinzentas, servem para perfumar o bafio do tédio.
as folhas deixaram de esperar que a gravidade outunal as forçasse a cair e atiram-se agora para o chão ainda verdes. fazem parte da dieta dos crocodilos aliviando-lhes a dura química gástrica.
os cães morreram à fome
os gatos de solidão

Sem comentários: