O pó de ser

Em 2004 foi criado um pedaço de merda em forma de música chamado "Dragostea Din Tei" que significa qualquer coisa como "O amor sob o salgueiro". Esse single bateu todos os limites do mau gosto e mesmo assim nunca conseguiu ter piada absolutamente nenhuma, o que parece impossível. A verdade é que é um excerto de lixo tão genuíno, tamanha inspiração de banalidade, que ao contrário de outros nunca teve pinta de guilty pleasure, como por exemplo, a "Pump up the jam" dos Technotronic ou a "Maravilhoso coração maravilhoso" do Marco Paulo. A primeira versão, do grupo moldavo O-zone esteve doze semanas na primeira posição do Eurochart Hot 100, foi número um também na Alemanha por catorze semanas e na França por quinze, arrancou um terceiro lugar no top do Reino Unido e ainda conseguiu entrar em septuagésimo segundo lugar na tabela Us Pop 100. Imagine-se Moldavos a vender música nos EUA. Uma segunda versão, dos Haiducii, acabaria por chegar em força ao resto do mercado Europeu e pode-se dizer que quando o vírus contaminou o continente já havia o risco de pandemia devido ao episódio americano. Mais tarde todo o planeta foi infectado, existem as versões austríaca, brasileira, tailandesa, indonésia, taiwanesa, vietnamita, coreana e umas quantas chinesas e japonesas entre outras, além de um êxito de Rihanna que tem também um excerto da música samplado. Coube ao grupo Onda Choc a honra de uma versão portuguesa com um inspiradíssimo "Eu liguei numa boa hey". Desafio-vos a visualizarem estas versões no youtube e analisarem os seus videoclips com aquela estética a promover uma espécie de comunição em vácuo. Horrível.
É a gripe Numa Numa, algo que sempre tentei ignorar mas hoje deu-me para isto. E deu-me para analisar tanta fez na semana em que li um artigo sobre Ardi, a nossa mais antiga antepassada, que vem indicar que os primatas evoluiram muito mais do que nós desde o nosso último antepassado comum. Eu já descobri porque fugiram eles de nós.