terça-feira, outubro 06, 2009

Pouco antes das legislativas fui jantar com dois amigos de direita. Dois jovens bem-dispostos que gosto de ter por companhia. Não foi de estranhar que neste concílio de bobos as primeiras histórias tenham sido os usuais relatos de bebedeiras e que, por isso mesmo, a conversa tenha descambado para a vida universitária. Uma das coisas que mais me custa é fingir que tenho maior interesse em ouvir as aventuras boémias, sexuais ou folclóricas dos universitários do que em saber pormenores sobre as cadeiras que deixaram para trás e, assim sendo, tentei focar a conversa nos cursos que eles frequentam. Os meus amigos sorridentes revelaram ser dois verdadeiros anti-o-outro, começando a atacar ferozmente os cursos um do outro, a protegerem desalmadamente os seus respectivos e inclusivamente deixando-me a falar para o tecto acerca das minha conjecturas sobre a educação, para atacarem com cada vez menos ponderação qualquer esboço de opinião que o rival ameaçasse produzir. A esta altura já me socorria da estratégia do jornal, fazendo de conta que o conseguia ler mesmo tendo de fundo a discussão deles, mas quando vejo que eles nem sequer reparam que eu não faço parte da conversa, vou-me divertindo chamando-lhes nomes e fazendo comentários sem sentido apenas para divertimento próprio. Depois de sairmos do restaurante dirigimo-nos para uma esplanada e durante o caminho ouço uns quantos insultos inusitados acerca da melomania de cada um - uma espécie de interlúdio cultural na discussão da noite. Chegados à esplanada eis que me deparo com os dois a juntarem-se à animada conversa da mesa - política, o tema que por excelência evito com estes dois ilustres amigos juntos. Se bem me lembro acho que consegui resistir cerca de uma hora embora não consiga precisar porque a partir daí comecei a sentir uma intrínseca necessidade de consumir álcool.
Ora, é com sinceridade que vos digo que preferia vê-los em tanga, numa duna, a lutar até à morte com um x-acto ferrugento para cada, do que voltar a aturar semelhante idiotice. E tendo em conta a última frase deixe-me dizer-lhe umas coisas sobre mim: eu sou heterossexual, pudico, não aprecio violência, detesto que deixem vidro ou objectos pontiagudos nas praias e sou a favor das discussões livres entre pessoas de ideologias diferentes. Mas como é possível que dois benfiquistas possam discordar tanto, num momento em que todos eles se juntam para adorar Jesus?
Eu juro perante si, leitor, que se eu descubro que a origem desta parvalheira vem de uma rivalidade "fanboy de Interpol vs. fanboy de Metallica", eu fodo-os com um par de estalos a cada um.

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