segunda-feira, novembro 16, 2009

Estamos a chegar àquela altura do ano em que toda a gente começa a fazer as suas listas sobre quais foram os melhores filmes e os melhores álbuns do ano. Enquanto o fazemos ignoramos que as outras pessoas estão mais preocupadas em fazer a sua própria lista do que em tentar perceber a nossa. Haverá algo mais idiota do que limitar uma selecção "do melhor que" a uma quantificação arredondada num número mágico a que todos nós nos habituamos? Certamente que sim, existem coisas muito mais idiotas neste mundo essencialmente idiota, leitor, tem razão mas deixe-me garantir-lhe que idiota é a palavra perfeita para descrever estas listas de fim-de-ano. No entanto, cada vez que vejo um título remotamente parecido com "Os Dez Melhores Albuns Americanos de Rock do Ano" ou "As Vinte e Cinco Melhores Interpretações Femininas do Ano" não resisto a espreitar e a comparar esses juízos com o meu. E eu digo que tudo isto é idiota porque não posso dizer que é inútil. Já descobri grandes bandas por terem sido um fogacho de diferença numa lista pouco original ou até por simplesmente encerrarem uma lista de algum conhecido que considero ter bom sentido crítico. Mas que é absolutamente ridículo o tom absoluto que estes exercícios em si encerram, lá isso é inegável. A própria ideia de fazer uma lista quantitativa que representa, sem dúvida, o que melhor se fez num período de tempo é absurda mas a verdade é que quase todos nós temos uma opinião sobre qual é o melhor filme ou livro de sempre, mesmo sem nunca os termos visto ou lido a todos. Numa altura em que as comunidades virtuais levam a melomania e a cinefilia a celebrarem-se a si próprios pelo simples prazer de se ser aficionado por algo, não há nada que faça mais sentido do que elaborar uma lista dos nossos objectos de culto preferidos e partilhá-la com os amigos. No fundo, este exercício é pessoal, é uma tentativa de realmente perceber o que consideramos melhor e só mostramos aos outros para eles poderem ver na nossa preferência aquilo que se esqueceram de listar e poderem redimir-se disso.
Este ano a dificuldade de fazer uma boa lista multiplica-se por dez pois findando-se o ano de 2009, a lista definitiva é aquela que elege os melhores da primeira década deste século. Até ao final do ano, proponho-me a falar-vos de alguns discos e filmes que acho indispensáveis quando assunto é "Os Meus Anos 00".

1 comentário:

Andreia Pires disse...

muito obrigada :)