segunda-feira, janeiro 11, 2016

All I have is my love of love and love is not loving

Foi a primeira vez que me senti realmente apaixonado. Tinha dezoito anos, estava tão assustado que me tremiam as pernas. Estava um excelente Domingo de sol, estendi-me na relva e enquanto esperava pela miúda, coloquei no discman um cd que tinha gravado há poucos dias: The Rise and Fall of Ziggy Stardust and the Spiders from Mars

À segunda faixa, a tremideira nas pernas parou. Enquanto ouvia Soul Love, era como se conseguisse perceber tudo o que estaria para chegar, como a minha vida ia mudar para sempre e não tinha mais de fingir que tudo era apenas estilo e pouco sentir. A verdadeira aventura é vivermos aquilo que escolhermos através daquilo que sentimos e tentar gostar de nós mesmo assim. Claro que não percebi o aviso que a canção me dava. A relação foi patética. A miúda nunca mais a vi. Mas nunca mais larguei a fantástica enciclopédia que é aquela discografia. 

Costumo dizer, como elogio definitivo, que Bowie tem sempre uma canção para qualquer momento das nossas vidas. Sei que se um dia sentir algo que ainda não senti hoje, há uma música do Bowie a ajudar-me - um manual de instruções encriptado.

Hoje é como se ouvisse todas essas músicas ao mesmo tempo. 

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